domingo, abril 25, 2004

ERASURE

It's not the way you lead me by the hand into the bedroom



Uma das imagens musicais mais recorrentes dos anos 80 é a do duo composto por teclista e vocalista. O primeiro é geralmente mais recatado, adopta uma postura low-profile e não se importa se os focos incidem sobre aquele que está à sua frente e passa a vida de um lado para o outro à procura da câmara. Este, o vocalista, é bem extrovertido, tem uma relação "tu-cá-tu-lá" com a câmara, por vezes dança, salta e rebola no chão. Este estereótipo é confirmado em nomes como os Pet Shop Boys, os Naked Eyes, os Soft Cell ou, mais declaradamente, os Erasure.

Já aqui falámos de Vince Clarke, a propósito da sua parceria com Alison Moyet nos Yazoo, mas foi nos Erasure, com Andy Bell, que estabilizou todo o seu génio criativo. Fundou em 1980 os Depeche Mode, mas apenas gravou o primeiro álbum, Speak And Spell, saindo do grupo de seguida. Após dois áluns com Alison Moyet, chamou Paul Quinn para gravar um single que não ficou para a história. Clarke ainda participou num projecto chamado The Assembly, que envolvia o vocalista Feargal Sharkey e o produtor Eric Radcliffe.

A aventura Erasure começa com um anúncio no jornal a procurar vocalista e com a escolha de Andy Bell após dezenas de audições. Andy Bell, que completa hoje 40 anos, foi um dos primeiros artistas da música pop a nível mundial a declarar-se homossexual.

A vida não estava fácil para um duo de dance-pop electrónico em 1985 e os dois primeiros singles, Who Needs Love Like That e Heavenly Action tiveram pouco retorno da parte do público. O terceiro single, Oh l'Amour, apesar de já muito popular em vários países europeus, voltou a ter um fria recepção em Inglaterra. O álbum de estreia, Wonderland (1986), não fugiu à regra.

Tudo mudou com Sometimes, o single de apresentação do álbum seguinte, Circus (1987). Dotada de uma admirável vocalização por parte de Andy Bell e de um ritmo bem dançante, esta canção trouxe aos Erasure o reconhecimento a nível mundial. A partir daqui os Pet Shop Boys não estavam sozinhos. Até ao final da década seguiram-se uma série de êxitos que puseram em causa o reinado dos autores de West End Girls, de entre os quais destacaríamos Victim Of Love, Chains Of Love, Ship Of Fools, Drama, Star, You Surround Me, e o enorme A Little Respect, de que os nossos Silence 4 fizeram uma versão excelente.


Agnetha e Frida?

Também no palco o duo começou a construir uma identidade própria. Os seus concertos mostravam um teclista "afundado" em sintetizadores e um frontman que tinha tanto de excelente vocalista como de excêntrico, usando roupas de fazer furor em qualquer Love Parade. Em finais da década de 80, os Erasure tocavam para audiências de 60.000 pessoas no Japão.
Em inícios dos 90, a digressão The Phantasmogorical Entertainment arrastava finalmente Vince Clarke para a frente do palco para uma coreografia com Bell, os dois vestidos de mulher, de versões dos ABBA (Take A Chance On Me, entre outras.)

Há 4 anos que os Erasure não lançam um álbum de originais. Other People's Songs, de 2003, trouxe um conjunto de versões, umas melhores que outras, sendo de destacar Solsbury Hill (Peter Gabriel) e You've Lost That Loving Feeling (The Righteous Brothers). Aqui fica a discografia completa de álbuns:

Wonderland (1986)
Circus (1987)
The Innocents (1988)
Wild! (1989)
Chorus (1991)
ABBA-esque EP (1992)
Pop! The First 20 Hits (1992)
I Say I Say I Say (1994)
Erasure (1995)
Cowboy (1997)
Loveboat (2000)
Other People's Songs (2003)
Hits! The Very Best Of Erasure (2003)

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